Golden 4 Asics 21k Rio de Janeiro 2015 - com Pit Stop

13.4.15 by Fred Maia
Iniciei meu treinamento ano passado com uma meia maratona. 2h23m foi o meu tempo líquido. Cinco minutos mais lento que o ano anterior mas terminei bem mais inteiro. E esse era o objetivo, encarar uma meia com apenas um mês de treinamento e sem quebrar.

Dez meses se passaram, muitos quilômetros percorridos em treinamentos, algumas provas de menor distância no meio do caminho e algumas metas a perseguir antes da Maratona de Punta Del Este, em setembro próximo, meu grande desafio. Seriam elas: completar os 10k em 50 minutos e a meia maratona em 2 horas. Na minha última prova, os 10k em homenagem aos 450 anos do Rio, fiz o meu melhor tempo na distância, 54 minutos, mas ainda longe de alcançar os 50'.

E aí chegou 12 de abril de 2015, o dia da Golden 4 da Asics, etapa Rio de Janeiro.

FFs reunidos para o registro pré-prova.


Uma corrida com organização impecável e a primeira prova que participo onde há pacers "marcando" o ritmo da galera que quer completar a prova num tempo X. Vou explicar: A largada é dividida em pelotões, cada um com uma dupla de pacers carregando balões de gás com o tempo final de prova impresso. Para completar a prova na casa das duas horas, eu tinha que correr colado no balão que marcava o ritmo de 5'40" (cinco minutos e quarenta segundos) por quilômetro.

Crédito da Foto: FF Sports.


A prova começa na orla do Recreio dos Bandeirantes, na altura da Rua Glaucio Gil, segue beirando a praia até o túnel do Joá e termina na praia de São Conrado. São praticamente 16km pela orla até o final da praia da Barra, com pouca sombra e bastante calor. O foco no balão não me permitia curtir o visual mas ainda tinha outra coisa me atrapalhando.. Uma insistente e intermitente vontade de cagar. Quem me conhece sabe das minhas inúmeras estórias de passar aperto na rua pra cagar. Minha mãe conta aos sete ventos que desde pequeno eu largava minhas cuecas e meias pelos banheiros dos aeroportos do país.. então aí vai mais uma pra história.

Conforme o km 10 se aproximava, a vontade apertava. Eu que vinha até então correndo atrás dos pacers, passei o balão e, já prevendo as condições precárias dos banheiros químicos àquela altura da prova, me apressei em encher minha garrafinha de água até a boca no posto de hidratação. Na sequência corri na expectativa de encontrar logo o banheiro químico e de ele estar vazio.. e até de ouvir outros atletas gritando VAI CAGÃO! Já sentindo o pesar de atrapalhar minha possibilidade de bater o recorde pessoal, vi que não ia dar pra esperar o banheiro chegar. E se a montanha não vai até Maomé.. qualquer moita naquele momento ia virar banheiro. Quando fiz o movimento para correr pra trás de um dos quiosques da praia da Barra, vi a plaquinha dos 10km e o tapete eletrônico que marca a parcial do tempo de prova.. que merda. Dei um sprint, passei pelo tapete e vi um posto de gasolina à frente. Passei pela Ludmila, que estava à minha frente já havia algum tempo, e avisei a ela que teria que fazer uma pausa. Passei pelo posto, perguntei ao frentista se havia um banheiro por lá e, nada. Vi outro posto uns 300 metros à frente, na pista oposta. Numa espécie de "é tudo ou nada", coloquei na cabeça que não ia perder o balão, apertei o passo e acelerei até a entrada do posto onde dei de cara com 3 frentistas batendo papo com uma senhora, que segurava um cachorrinho pela coleira. O cachorro começou a latir nervoso quando me viu esbaforido perguntando pelo banheiro -quase caguei na calça. A reunião social no posto parou e todos me deram atenção. Enquanto o cachorro latia, eu gritava para o frentista: Onde é o banheiro?? Onde é o banheiro?? E o frentista gritava: Tá interditado!! Mas eu ouvia: É ali do lado. Eu perguntei: Tá aberto? E ele: Tá interditado! Eu perguntei: Cadê a chave? E o cara repetia TA INTERDITADOOO!!! Eu finalmente entendi e comuniquei ao grupo: Fudeu! Vou cagar ali no mato mesmo. Ainda deu tempo de ouvir a senhora do cachorro dizendo Ai, tadinho.. Corri pros fundos do posto e, sem me importar se alguém olhava, arriei as calças, escorreguei o barro, lavei a bunda com a água da garrafinha, me recompus (na medida do possível) e saí frenético em busca do balão!

Quando consegui retomar o trajeto, avistei o balão láaaaa na frente e pensei: Dá pra pegar ele! Mas não deu.. ele ficava cada vez mais longe. No posto de hidratação seguinte, peguei dois saquinhos de Gatorade para tentar repor qualquer nutriente que houvesse perdido no posto de gasolina e após me dar conta que o balão já era, me bateu um pensamento de: Você não tem mais nada a perder. E logo em seguida a imagem do meu técnico falando comigo antes da prova: Quem está treinando para a maratona, não veio aqui pra passear, vai com tudo! E eu fui. Na voltinha da subida do túnel do Joá, mais ou menos pelo Km 17, cruzei com a Lud e entendi ela dizer Me espera pra gente ir junto. Achei que ela, que é ótima nas subidas, estava bem e que naturalmente me alcançaria na subida pois eu estava cansado e ela parecia bem e disposta. Ela não me alcançou e eu consegui apertar ainda mais meu ritmo no acesso ao túnel. Dentro do túnel, muito calor, muita gente gritando e aquilo começou a me incomodar. Então decidi apertar o passo pra sair logo dali. Quando chegou no elevado, onde se inicia a descida, ainda tem sombra e é ventilado, eu voei. Me sentia muito bem. Como diz o amigo Fernando Otero, Alegria nas pernas! Na saída do elevado só faltava um quilômetro pra chegada e eu decidi dar um sprint. Fiz a curva para entrar na orla de São Conrado e vi a placa de 500m e o pórtico de chegada bem mais longe do que eu esperava.. pensei: Seu idiota! Colocou tudo a perder acelerando antes da hora! E imediatamente respondi a mim mesmo: Porranenhumaaaaaa!!! Sebo nas canelaaaaass!! A 200 metros da chegada passei pela tenda da FF e o Marlon gritou Vamo lá Fred!!! Eu já estava exausto e tentando manter aquele sprint até o final mas acabei conseguindo apertar ainda mais o ritmo e passei pelo pórtico de chegada numa felicidade que não cabia em mim.

Sprint final!


Minha meta real era fazer a prova mais rápido que o meu melhor 21km que foi 2h09m, em treino. Minha meta "surreal" era fazer na casa das duas horas, por isso, a estratégia de colar no balão me traria uma coisa ou outra.

Ao final, olhei pro meu relógio (que não pausei ao parar no posto de gasolina) e ele marcava 2h01m56s. Não acreditei. Achei que por ter passado dentro do túnel, o GPS do relógio tinha ficado maluco e marcado errado. E realmente marcou errado. Meu tempo oficial foi 2h00m52s. Que dia incrível! Ainda fiz os meus 10k mais rápidos, em 51m26s; e também o meu quilômetro mais rápido, no sprint final a 03m30s/km. E tudo isso com uma cagada no meio!

FFs reunidos para o registro pós-prova. Muitos recordes pessoais batidos e muitas lições aprendidas aí nessa foto.


Pra comemorar isso tudo, um mergulho no mar de São Conrado e... cerveja, claro! Rumo aos 42k!

Certificado de conclusão da prova.


Segura a Marimba!

4 comentários:

  1. Boa Fredão! Cagando baixo... opa, quero dizer voando baixo! Parabens parceiro, esta fininho! Abraços e boa sorte na Maratona...

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  2. Maluco, tenta um patrocínio do Hipoglos que voce vai até pra Boston!!! Parabéns pelo resultado.
    Abs, Empada

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    1. Eu tenho usado vaselina em pasta mas Hipoglós não é má ideia..
      Valeu, Empada!

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